sábado, 3 de março de 2012

Um sentimento do mundo

''A serra mecânica
não tritura amor.
E todos os dentesextraídos sem dor.
E a boca liberta
das funções poético-sofístico-dramáticas
de que rezam filmes
e velhos autores
[…]
vosso riso largo
me consolará
não sei quantas fomes
ferozes, secretas
no fundo de mim
[…]
feéricas dentaduras,admiráveis presas,
mastigando lestas
e indiferentes
a carne da vida!”-Carlos Drummond de Andrade¹
Máscaras,máscaras que caminham sós.Máscaras com pernas e mãos.
Amor-E o fingem tão bem,e o ignoram tão bem!
Um mundo de suicidas que se culpam no drama externo-máscaras-;no drama interno-ódio-.
Eis que morre um ego,e não é impossível.Dê-lhe um trabalho longo,uma dentadura dupla,um sorriso.Medo.
Eis que surge um mecânico,que suspira a tristeza da noite,a tristeza do subúrbio,a tristeza do Brasil.Cedo.
Eis que surge logo,um homem.Que exagera,exaspera,que se cansa de habitar.Que desequilibra,se esforça,perturba e dança.Dança a esperança do mundo perdido,falsa até o exausto enjoo.
Enojado do movimento,em seu próprio baile,o homem caminha-indo a lugar nenhum.
Dormir…sonhar…desaparecer.
''A noite dissolve os homens”-Carlos Drummond de Andrade²
@LaryGD
¹-Carlos Drummond de Andrade,Dentaduras duplas;livro-Sentimento do Mundo.
²-Carlos Drummond de Andrade,A noite dissolve os homens,a Portinari;livro-Sentimento do Mundo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mundo Possessivo


Sempre ocupados demais com sentimentos internos para sentir os momentos externos.O interno ama,o externo discorda e vice versa.Assim em ações não complementares eles fazem guerra,mas como amor e ódio>tem mesma origem...e como épocas dialéticas>estão separados pela dor de ser pecado,durador e humano.- @Lary GD




sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Humano,demasiado humano


A discussão começou com a pergunta comum e um tanto capitalista:’’Vamos sair a algum lugar?’’É chato e,substancialmente tedioso a maneira como esta questão me assombra.Pensei na geração e em tantas outras coisas até perceber o quanto o novo nos comove,para o bem ou mal.É preciso explicar:Me parece que sair para os mesmos lugares tem graça,porém vario o assunto,a companhia,a roupa,a maquiagem ou sei lá o quê.Lugares novos produzem sensações novas(prolixo),a companhia as lapida,solidão também.Pensei no que movia minhas relações amorosas,de amizade,coleguismo.A questão se ligou a isso quando analisei a facilidade com que troco as pessoas que não são tradicionais ou familiares.É até cômico,converso velozmente sobre o exterior(política,economia…) e sobre sentimentos,moral,transitoriedade,ética.Não ligo muito a conceitos,daí não decoro o que digo.Entretanto é de tal inutilidade a maneira como tudo se repete a partir do momento onde a memória começa a gravar e conhecemos gostos e valores;que troco.Creio que não seja tão inútil assim,acho até que nada é inútil,talvez seja porque estamos sempre aprendendo.Conhecer é necessário,só que questionar os outros nem tanto.Perguntas do tipo ‘’Aonde vamos?’’caem no tédio.Somos movidos por erros,analise:É belo ver um casal(casados) relembrando coisas quase mortas,é depressivo saber como aquilo morre.Não é mais um namoro mágico,as vezes nunca foi.Agora é um desafio.Eis que quase afirmo a inutilidade do motivo pelo qual relembram ou pelo qual não ignoram um passado montando um novo presente.Na verdade Novo é a palavra chave.Cada lembrança antiga ganha ares novos,detalhes muitas vezes mascarados e errados,idéias que passam de curiosas a abjetas.E porque questionar isto se nos prendemos cada vez mais na união fantasiosa?Porque perguntar se sabemos que o diferente pode se tornar igual quando o tédio recai sobre o humor péssimo,traduzindo,quando a ignorância fútil do outro atrapalha sua força de vontade em mudar cotidiano?Erro é o nome,boemia é a graça.Esta última criticam, ‘’imoralizam’’de maneira mais rápida que a percepção da própria solidão.Uma palavra errada e pronto;as vezes também pensamos errado…complicado o gozo déspota pelo poder humano,porém pior é afirmarmos o erro.Me decepcionei com o atributo ‘’demasiadamente humano’’ por Nietzsche;não discordo da ironia detalhista da frase.Excedemos o humano ou apenas nos reconhecemos enquanto tal?Não importa,neste texto andei procurando uma definição para amor,ódio,lugar ,casamento,erro e novo.Vago?Encontrei pessoas que alimentam o contrato de um casamento odiando o parceiro,com o dever de dar amor aos filhos,e não romper com a sagrada escritura para excluir o erro original no fim da vida,além de tentar abster do novo encontrando em qualquer lugar tédio.É mole?Filhos,algo também a pensar.É muita coisa mas prefiro viver a conceituar,o problema é viver assim.O novo cansa?Cansa e atrai o homem,somos quase escravos dele,talvez isso seja só o pessimismo da falta de novidades minha(andaram escrevendo coisas que tiram meu valor de individualidade para a equivalência universal da raça Homem;entediante).Me disseram da solução de viver os dias como únicos e diferentes,serviço doShakespeare,tento acreditar nisso.Mas o tédio só rompe com a aceitação do outro uma vez que vivendo um dia novo com a mesma pessoa já conhecida é fácil e rápido que ela encontre alguém mais interessante,nova,desconhecida e curiosa;parece fato.É por isso que admiro casamentos fiéis com a mesma intensidade que os odeio,tenho que tomar cuidado,existe respeito em algum lugar.Só sei que assim me afasto da profundidade de amar,assim como de odiar,parece momentâneo mas só se ama o que conhece,conhecer de momento é meio super-difícil.Fato sim é saber que não conhecemos nada por completo,estamos sempre aprendendo,tenho que definir melhor estes dois verbos.Parece chato falar tanto,melhor só amar e pronto!Estranho é que a única coisa em constante novidade,nunca acaba,é o conhecer,administrável e tedioso.Até ele vira escravo,devia ter uma base para o progresso,não abster-se nem exagerar.Para que e que progresso é esse?Aquele que nos torna Humano,não demasiado nem ‘’subhumano’’(não sei da possibilidade de existência de ambos).Demasiado humano parece enjoativo,‘’subhumano’’ ignorante,vejo a falta de solução disso tudo ao vivermos o erro.Percebi ao pensar no que escrevi que morrem,matam,tornam instáveis os homens.A não solução da essência é perigosa,é assim que brincamos de conhecer.Não quero afirmar tanto o homem,cheguei a pensar que homem só é Humano com ‘H’ maiúsculo no leito de morte.Agora acho quase o inverso,abandonando o demasiado no último suspiro,sempre humano…as vezes até nunca o fomos…será que para ser Humano é preciso só ser?Chega de subjetivismo,assim vamos apenas sendo…